quinta-feira, 12 de maio de 2011

Pedras no caminho

 Por Luiz Felipe Adurens Cordeiro

            Depois da folgada vitória no debate e na votação do salário mínimo, o governo - que tem maioria na Câmara e no Senado – enfrenta algumas pedras no caminho da aprovação do Código Florestal e na discussão da Comissão de Direitos Humanos do Senado que discute as punições contra a chamada “homofobia”.
            Acompanhemos a alta da temperatura nas casas legislativas por meio da ebulição retórica dos envolvidos:

Na Câmara:

Deputado Paulo Teixeira (PT): Aldo Rebelo alterou o texto final do relatório em relação ao que foi acordado às 21 horas de quarta-feira. 

No Twitter:
Ex-senadora Marina Silva: Estou no plenário da Câmara. Aldo Rebelo apresentou um novo texto, com novas pegadinhas, minutos antes da votação. Como pode ser votado?!
Na Câmara:

Deputado Aldo Rebelo (PCdoB): A fala infeliz do deputado Paulo Teixeira (de que Aldo havia alterado o texto em relação ao acordo) deu razão para a ex-senadora Marina Silva, que postou em seu Twitter que eu fraudei o texto. Quem fraudou, quem contrabandeou madeira, foi o marido da senadora.
Deputado Alfredo Sirkis (PV): Canalha, traidor! (para Aldo Rebelo)
E no Senado:
A senadora Marta Suplicy - PT (relatora) retira do debate a proposta de ampliar as discussões para setores contrários à criminalização da “homofobia”.
O deputado Jair Bolsonaro - PP (um dos opositores) tenta exibir para as câmeras um panfleto contrário à proposta enquanto a senadora Marta Suplicy dava uma entrevista.
A senadora Marinor Brito (PSOL) interveio, batendo na mão do deputado: Tira isso daqui, rapaz. Me respeita!
Bolsonaro: Bata no meu aqui. Vai me bater?
Marinor: Eu bato! Vai me bater? Depois dizem que não tem homofóbico aqui. Tu és homofóbico. Tu deveria ir pra cadeia! Tu deveria ir pra cadeia! Tira isso daqui. Homofóbico, criminoso, criminoso, tira isso daqui, respeita!
Comentário:
Democracia é caminho cheio de pedras, buracos, obstáculos. O totalitarismo é unanimidade e terraplanagem.





quinta-feira, 5 de maio de 2011

Eleições 2010: dinheiro, concreto, carne e sangue


Por Luiz Felipe Adurens Cordeiro

Leio reportagem no site do Estadão de ontem (04/05/11), de onde tiro as seguintes informações, afirmações, e a qual me inspira as seguintes ilações:
a) na campanha política de 2010, os 12 maiores partidos repassaram aos seus comitês mais de R$ 500 milhões de “doações ocultas”; b) “Doação oculta” significa que os candidatos e comitês não precisam informar de onde vem o dinheiro que eles estão recebendo, ou seja, não precisam dizer quem os está apoiando; c) somadas as “doações ocultas” das eleições de 2006 e 2008 obtemos o montante de R$ 320 milhões, número que expõe o crescimento das “doações ocultas” já em 2010; d) as 12 maiores legendas gastaram mais do que arrecadaram, sendo o PT o campeão de “austeridade”; e) se uma pessoa ou instituição gasta mais do que oficialmente arrecada, ou ela se endivida, ou ela tem outras fontes de arrecadação não declaradas; f) quem lidera a lista de doadores aos partidos políticos são as empresas, em especial os bancos, as construtoras e os frigoríficos; g) as eleições de 2010 foram feitas na base do dinheiro, do concreto, da carne e do sangue; h) segundo especialistas em legislação eleitoral “por mais que a Justiça tente inibir as doações ocultas, essa tarefa é impossível, porque ‘o dinheiro não é carimbado’”, e finalmente a conclusão; iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii) segundo os ilustres especialistas legais, portanto, a coisa não tem mesmo jeito mais, e nos resta apenas  “tocar um tango argentino”.