Por Luiz Felipe Adurens Cordeiro
“Mas as coisas sempre foram assim mesmo!”
Não foi uma nem duas vezes que em meio a uma conversa ou discussão testemunhei pessoas dizerem isso, enfastiadas e desesperadas com a situação política dentro da qual estamos. De fato não podemos negar que é uma solução bastante simples; tão simples quanto a indicação de gaze e esparadrapo para estancar o sangue que jorra de uma perna arrancada.
A simplicidade, muitas vezes, não chega sequer a tocar a superfície dos problemas.
Sobrevoando o cenário político do final de 2010 e início de 2011 (e 2009, 2008,.2007...), de fato nos deparamos com vergonhosas decisões, escolhas acachapantes e situações gritantemente...brasileiras. Mas de fato (também) a nossa política nem sempre foi do jeito que ela é hoje. E em meio a Tiriricas, mensaleiros e Rorizes, uma interessante testemunha dessa verdade é encontrada na entrevista dada por Villas-Bôas Corrêa na TV Estadão.
Repórter da área desde 1948, o jornalista viveu a política, conviveu com políticos e reportou aos leitores as idas, vindas e saídas dos governos brasileiros desde então. E é do alto dos seus 87 anos de vida e dos seus 62 anos de jornalismo político que ele afirma de forma categórica: “Em matéria de democracia, nós pioramos”.
Entre 1945 e 1960, conta o jornalista, o Brasil viveu uma fase de ouro da sua política, com congressistas do naipe de Milton Campos, Adalto Luiz Cardoso, Carlos Lacerda, Luiz Viana, Gustavo Capanema atuando na vida pública. Nesse período, o Congresso “era um modelo de simplicidade”, afirma. Isso porque os congressistas ganhavam apenas o subsídio e nada mais, trabalhando não no seu gabinete individual – que não existia – mas sim naquele que era reservado ao partido. Todos eles contavam com uma secretária e um copeiro, apenas.
E quando tudo começou a mudar? O jornalista não tem dúvidas: com a transferência do distrito federal do Rio de Janeiro para Brasília, pois para convencer as pessoas a mudarem de uma cidade para outra, “JK abriu as pernas” para as bonificações e auxílios e verbas e o escambau, até chegarmos ao Estado de hoje.
“Isso é progresso?”, pergunta Villas-Bôas.
Não! Mas prova que as coisas nem sempre foram do jeito que estão.
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