Por Luiz Felipe Adurens Cordeiro
Durante esta semana, a presidente Dilma Rousseff discursou a generais e disse que o Brasil “corrigiu seus próprios caminhos” em uma “evolução democrática da sociedade”.
Recortando a linha do tempo, e tomando os últimos quinze anos como objeto de análise, o que encontramos dessa “correção” e “evolução”?
Em notícia publicada no dia 1º de setembro de 2010, a Folha de São Paulo aborda uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cujos resultados, ao contrário de mostrarem uma “evolução” e uma “correção”, revelam uma verdadeira descida ao abismo: entre 1992 e 2007, o índice de homicídios no país cresceu 32 %.
Alguns meses antes (30/03/2010), o portal do IG informou que mais de meio milhão de pessoas haviam sido assassinadas no Brasil entre 1997 e 2007. Para ser mais exato, foram 512,2 homicídios.
Nesta semana (05/04), vários jornais repercutiram os resultados a que a Polícia Federal chegou no caso do Mensalão, ao que o então presidente Lula denominou “farsa”. E a conclusão foi: o mensalão foi (é?) uma verdade verdadeira; uma realidade bem real. Mas foi uma “correção”? Foi uma “evolução”? É uma melhoria que “dezenas de parlamentares de cinco partidos” terem recebido “no mínimo um total de R$ 55 milhões, ou para votar com o governo ou, no caso de deputados do PT, para abastecer seus cofres eleitorais”? (Editorial do Estadão, 05/04/2011)
E já que estamos falando de Polícia Federal, o que dizer do fato de ela ter “provas de que a Al Qaeda e outras quatro organizações terroristas usam o Brasil para divulgar propaganda, planejar atentados, financiar operações e aliciar militantes”, aproveitando “brechas nas leis brasileiras para se instalar aqui”? (Blog Reinaldo Azevedo, 02/04/2011)
Que tipo de “evolução” e “correção democrática” pode haver em um contexto como este?
De fato, o tema merece reflexão e suscita muita discussão. Há que se considerar, também, que o prisma sempre influencia a interpretação: se a análise orientada do geral para o específico tende a reduzir o debate, o oposto, do específico para o geral, tende a multiplicar as possibilidades interpretativas. Há que se considerar ambas as hipóteses.
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